A herança do Show Safra para o Plano Safra 2017/18

Entre os assuntos que pautam a agricultura nacional, após o encerramento do Show Safra BR 163, realizado em Lucas do Rio Verde (MT), fica o posicionamento das revendas de produtos agropecuários que querem entrar no Plano Safra e a avaliação das instituições financeiras, cobradas para melhorar o crédito destinado a armazenagem de grãos.

 

O representante do Conselho Estadual das Associações de Revendas de Produtos Agropecuários do Mato Grosso (Cearpa), Gianpablo Andrade de Melo, informa que o setor solicitou que sejam inclusos no Plano Safra, subsídios do governo federal para aporte de recursos financeiros. “Atualmente 50% do estado é atendido via distribuição e às vezes temos que usar nosso próprio capital de giro  para poder financiar o produtor. Hoje, um elo importante da cadeia produtiva é o distribuidor. Financiamos o produtor e precisamos desse recurso mais barato para que possamos ser mais competitivos e levarmos mais competitividade ao produtor rural também”, explica Melo.

 

Mato Grosso conta com 220 distribuidoras, que geram em torno de 5 mil empregos diretos e faturamento superior a R$ 2 bilhões por ano. Para o presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Estado do Mato Grosso (Acemat), Jair Antônio Ruhoff, no estado existem algumas dificuldades relacionadas à tributação. Ele explica que a base de cálculo, que seria o preço de pauta para cumprir a legislação, está acima do valor de mercado, o que aumenta consideravelmente o custo final para comercialização dos produtos e a reclamação vai além. “A alíquota perante os outros estados é a maior de todas e isso dificulta muito o destino final da nossa mercadoria, encarecendo e inviabilizando muitas vezes a comercialização. Nosso milho é o último a ser comercializado no país devido a essa carga tributaria”, observa Ruhoff.

 

O vice-presidente de agronegócio do Banco do Brasil, Tarcís Hubner, afirma que há recursos para essa safra e que a instituição tem buscado novas alternativas junto ao governo federal para melhorar a flexibilidade da Letra de Credito do Agronegócio (LCA). “Se conseguirmos discutir a exigibilidade da LCA, talvez possamos colocar um bom volume de recursos no agronegócio na próxima safra. Assim como, claro, contamos com os recursos da poupança e do deposito à vista para cumprir a exigibilidade que já garante um bom volume de recursos para a safra posterior”, declara Hubner.

 

Sobre a taxa de juros, o representante do Banco afirma que a redução é uma discussão que compete aos técnicos do Tesouro Nacional, Banco Central e Ministério da Fazenda, tendo como contraponto a expectativa do setor rural. A armazenagem de grãos tem sido um dos focos da instituição em seus debates junto ao MAPA. “O setor precisa de uma atenção especial. Vamos ter um problema sério em Mato Grosso com o milho safrinha, que vai se encontrar com o estoque de soja. Estamos buscando alternativas paliativas para essa emergência, como fazer uma armazenagem mais simples por meio do silo bag e estamos colocando a disposição linha de crédito para isso”, informa o vice-presidente de agronegócio do Banco do Brasil.

 

Com relação à parte burocrática, o Banco não pretende deixar de priorizar a segurança nos serviços que oferece. “Mas queremos colocar os recursos de forma mais simples na mão dos produtores e já estamos fazendo isso por meio do custeio digital, no qual o produtor faz sua proposta por meio do celular e se aprovada, ele vai a agência somente para assinar a cédula para liberação do recurso”, acrescenta Hubner.

 

O superintendente de área de operações indiretas do BNDES, Marcelo Porteiro Cardoso, declara que há uma crescente no volume de recursos aplicados no setor, principalmente para investimento, compra de máquinas, tecnologias e sistema produtivos. “O volume de recursos é definido a partir de resoluções do Conselho Monetário Nacional. O BNDES atua de acordo com os limites estabelecidos por esse conselho. Estamos investindo muito em tecnologias, aplicativos e portais para diminuir a burocracia com relação ao financiamento de pequenos negócios para pequenas e médias empresas”, complementa Cardoso.

 

O Plano Safra envolve discussões em torno da aplicação de R$ 180 bilhões. De acordo com o secretário de Políticas Agrícolas do MAPA, Neri Geller, o Ministério faz, encaminha e discute o plano com a equipe econômica, mas quem põe em pratica as linhas de credito são os agentes financeiros. “Ouvimos os produtores e vamos encaminhar as demandas para que a equipe econômica possa atendê-las na medida do possível”, finaliza o secretário.

Fonte: Luciano Vendrame/BW Comunica